Dizem que muitas vezes, a vida nos deixa insensíveis. Eu acrescento, que grandes cidades aceleram esse processo. Como um vacina que cria anticorpos, assim a cidade vai agindo sobre nós, criando defesas no coração que nos permitem ignorar a pobreza, o feio, a doença.
Todos os dias enfrento o trânsito, o trem, metrô, a poluição disfarçada de neblina e ao observa a paisagem, reencontro conhecidos moradores de ruas e pedintes das mais várias idades.
Reconheço o choque e a tristeza que abala visitantes ao encarar a cidades de São Paulo, com suas ruas lotadas de pessoas e mau cheiro.
Eu digo que reconheço, porque tive esse sentimento diversas vezes após me mudar para São Paulo, ajudando até mesmo com esmolas muitas vezes (coisa que eu sempre recriminei), a cada criança ou mãe dizendo em palavras ensaiadas que faltava leite e pão em casa.
Com o passar dos dias, já percebo que meu coração está calejado, conseguindo encarar uma viagem de retorno para casa de trem, ou parar com o carro em um semáforo, sem me sentir culpada por não tirar as moedas da bolsa.
Um comentário:
Mari, é isso...
é isso mesmo....
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