segunda-feira, 27 de outubro de 2008

Soneto do Avesso

o Avesso sobe e desce a ladeira
trinta vezes tropeça e não cai
apalpa o chão
engrossa o caldo com paciência
derrama o sol na peneira
extrai um gole de demência
com um tapa na nuca: _ vai!

enxuga, explode e pica a mula
engole e rala a dor barata
mistura, sacode e desidrata
fere à água morna, desinfeta
respira o pó, nele confia

não chora mais, nem esperneia
gargalha a garrafa vazia
entope a vida e devaneia
à rapadura, seu troféu
enquanto dura, adoça o céu
mastiga cão, vomita mel