sábado, 26 de julho de 2008

Sabe, pirei

Imagina que tudo mudou.

Que uma nova pessoa vai nascer, uma nova pessoa que você ama.

Não alguém que você vai conhecer e passar a amar.

Alguém que você ama antes de existir e depois, então, nem se fala.

Nesse momento todas as cores ficam vibrantes e a gente começa a preparar a festa dentro de nós.

Começa a decorar um novo ser, que celebre a chegada do querido.

É hora, sim, de celebrar, de colocar mais um lugar na mesa, de se congratular por uma conquista, uma nova presença, vitalícia...

A vida se multiplica em sonhos e possibilidades, e o amor vai preenchendo os caminhos de sua missão.

sexta-feira, 25 de julho de 2008

Abismo

Equilíbrio na mesa
Equilíbrio nas contas
Muita paciência e terapias holísticas para completar.

Equilíbrio nos relacionamentos
Equilíbrio nas drogas e desejos.
Bom senso é palavra de ordem...

Equilíbrio no trânsito, na multidão e na hora do Jornal Nacional
Em cima do salto
Seguindo a linha
Equilíbrio na ponte...

... Acho que vou me jogar.

sexta-feira, 18 de julho de 2008

Atropelos

- UÓUÓUÓUÓ!

- SILÊNCIO!, gritam seus passos debaixo do viaduto.

- Vruuuuuuuuuuum!, rebate motor após motor, numa arrancada ad infinitum.

- SÓ UM POUCO DE SILÊNCIO, PORRA!, insiste um pé ao empurrar o outro, cada vez mais histéricos, atropelando-se, descompassados da melodia urbana.

- ATCHIMMMMMMMMM!!!!, ignora o corpo, no ritmo da metrópole. - COF, COF, COF, continua, dançando ébrio com o ruído.


Faixa de pedestres.


- BÉÉÉÉÉÉÉÉÉÉÉ!


- KTAPKCLRXTZ!!!!!!!!!!!!!


(Silêncio).

quinta-feira, 10 de julho de 2008

Que tal um tema livre?

Parece bom.

Comprei um sobretudo. Lindo. O meu primeiro. Gastei mais do que podia, mas vá, eu nunca compro exatamente o que quero. Desta vez acho que foi.

Será que esses são os chamados pequenos prazeres? Eles são marcantes pra mim. Até porque eu não os tenho sempre. Tive alguns, como aquela bota que todo mundo elogiava. Ela não era chique, longe disso, era de uma loja do calçadão de Bauru. Mas de certa forma ela era muito boa mesmo, muito. Era a minha cara. Por isso que eu paguei uma grana alta por ela. Digo, alta para o calçadão.

Desta vez comprei o sobretudo na 24 de Maio, no centro da cidade. Foi paixão à primeira vista. Romântico. Uma roupa que traduz meu conceito de roupa: clássica, feminina e ligeiramente desagradável às lentes da normalidade.

Fico me imaginando naqueles ateliês de Paris... Eu adoraria experimentar aquelas roupas que precisam de um corpo bem magro, mas que consertam qualquer gordinha com sua delicadeza de moldes. Peito, cintura e uma barra esvoaçante. Todo mundo fica bonito assim, não? Acho que esse meu gosto é parecido com o que tenho por pimenta. Há algo mais perfeito?

A pimenta bem combinada é o bálsamo da alma.

É praticamente a vida toda numa colherada.

quinta-feira, 3 de julho de 2008

Nesta data querida

Esse é um dia especialmente detestável, no qual a felicidade ou a tristeza não fará diferença. Talvez a sua ausência seja a solução, pois pequena carga de sentimento torna o ar pesado, o relógio mais lento, a respiração barulhenta e a televisão tediosa.

Não me lembro de um aniversário feliz. Confesso que tento resgatar a lembrança da festa perfeita, mas por não haver coisas perfeitas, a lembrança sempre vem acompanhada de algum incidente ou de tédio. Não, lembro de um ou outro, mas faz muito tempo, que só restou um flash na memória que insiste em se esconder atrás de vergonhas insignificantes. Enfim, a aproximação foi rápida e finalmente aqui estou. Ontem foi um bom dia, mas hoje existe a obrigação de um dia feliz... mais um ano, nem motivos para bebemorar.

- Meu Deus! Hoje eu estou terrível! Mais pessimista do que nunca!

Nem foi preciso sair da cama, para tomar conhecimento do que me esperava.

Mas uma gata negra linda se aproxima, sem ao menos suspeitar, que de acordo com as normas sociais humanas, ela devia chegar gritando Parabéns!, me cobrir de beijos e dizer que já estou ficando mais velha.

Graças a grande evolução de outras espécies animais e à sua sensibilidade natural, é ela quem vem anunciar que um novo dia chegou, com sua calma e ronronar característicos de sempre. É bom saber, que apesar de nada, as melhores coisas continuam em seus devidos lugares, eu, minha cama e o ronronar.

- Bom Dia!

Na selva de pedra, as paredes já se acostumaram a responder aos seus inquilinos solitários.

Quatro ligações perdidas, celular no modo vibratório.

- Oi mãe.... Valeu... Eu sei... Mais tarde eu vou pra aí....Não, não quero festa... Ta bom, mas só um bolinho... Só a gente então... Não quero fazer festa!

Detesto social. Ainda mais com um monte de parente que só querem saber o que você anda aprontando, quando vai se casar e trazer mais uma criança pra família.