Carpete azul no chão. Persianas de plástico bloqueando a entrada de sol. Tela do computador ofuscando a vista. Quinta-feira, 16h, fechamento de revista. Cara contemplativa, olhos grudados na parede à diagonal da onde estou, inerte. Várias imagens na cabeça e nada. 2 minutos, 3 minutos. Sobra tempo para o sentimento atual de nada. Esquisito, nada. O sentimento pode até vir da cabeça, mas o coração é quem sente. O meu tá apertado, sabe? Às vezes até me interrompe o ar. E eu continuo com essa cara de trouxa, a única a não ser informada sobre nada. O q tá acontecendo, caralho? Vc já teve vontade de desaparecer? Pois eu tenho, todo dia. São Paulo é um lixo esnobe burguês. Se conseguir fugir daqui, nunca mais volto! Não volto pra lugar nenhum. ESCUTOU BAURU? Não volto! Não volto! Amor? Sei...
- ADRIAAAAAANA!
- Oi, oi!
quinta-feira, 29 de maio de 2008
Fechamento
quarta-feira, 28 de maio de 2008
Deixa, vai...
Andei pensando...
Se o sol lá fora estala e eu aqui me encolho à sua sobra, se faço ou desfaço a cara de culpa, se cuspo sangue ou cheiro a álcool, se sinto amor ou desamor, tanto faz...
Até o dia que for o último, e talvez eu não o saiba, até lá todos os outros serão apenas pastagem para chegar a ele.
Como da embriaguez fica a ressaca, como na hora da fome as lembranças não alimentam, como tudo parece correr sobre os trilhos que levam ao fim, deixa-me ser louca...
Deixa-me ser borboleta... ou bicicleta... ou chuva... deixa-me ser alguma coisa diferente do que sou...
terça-feira, 27 de maio de 2008
A realidade do amor?
terça-feira, 20 de maio de 2008
Entretranse
Como se tudo parecesse estar em câmera lenta, de repente começo a olhar para os lados e ver que a cidade é um caos perfeito. Não há refúgio silencioso ou limpo de toda a irritação das ruas, do trânsito, da pobreza, da correria, da futilidade. Não há substituto para as noites de calor passadas na calçada, sentindo o cheiro da janta em todas as casas da rua. Não há as torneiras abertas regando as plantas do jardim no fim do dia. Não há os pés descalços na ida à padaria. Ao menos para mim não há. E aí começa a inquietação. Até quando vai durar minha paciência? Até quando vou viver engessada numa vida que não me agrada? Sei que a minha inércia piora todo o quadro, sei que as reclamações só corroboram o clima de poluição de idéias, de sonhos e sentimentos.
Antes que o mundo me engula, preciso saber a que vim, por quê ou por quem vim, e espero estar entre os cotados para a resposta. Ainda me lembro de como imaginava esta cidade na infância. Pensava em pessoas morando em casas minúsculas, em beliches na periferia, imaginava prédios gigantescos e estruturas metálicas de enormes construções. Talvez essa ainda seja a minha visão. No começo impressionavam-me as belezas e luxos, o cenário dos telejornais que se estendiam à minha frente. Hoje todas essas imagens estão borradas, cansadas e desbotadas. O barulho se torna cada vez mais ardido e permanente. Queria poder mergulhar, sentir-me imersa em algo, numa gelatina de silêncio.