quinta-feira, 3 de julho de 2008

Nesta data querida

Esse é um dia especialmente detestável, no qual a felicidade ou a tristeza não fará diferença. Talvez a sua ausência seja a solução, pois pequena carga de sentimento torna o ar pesado, o relógio mais lento, a respiração barulhenta e a televisão tediosa.

Não me lembro de um aniversário feliz. Confesso que tento resgatar a lembrança da festa perfeita, mas por não haver coisas perfeitas, a lembrança sempre vem acompanhada de algum incidente ou de tédio. Não, lembro de um ou outro, mas faz muito tempo, que só restou um flash na memória que insiste em se esconder atrás de vergonhas insignificantes. Enfim, a aproximação foi rápida e finalmente aqui estou. Ontem foi um bom dia, mas hoje existe a obrigação de um dia feliz... mais um ano, nem motivos para bebemorar.

- Meu Deus! Hoje eu estou terrível! Mais pessimista do que nunca!

Nem foi preciso sair da cama, para tomar conhecimento do que me esperava.

Mas uma gata negra linda se aproxima, sem ao menos suspeitar, que de acordo com as normas sociais humanas, ela devia chegar gritando Parabéns!, me cobrir de beijos e dizer que já estou ficando mais velha.

Graças a grande evolução de outras espécies animais e à sua sensibilidade natural, é ela quem vem anunciar que um novo dia chegou, com sua calma e ronronar característicos de sempre. É bom saber, que apesar de nada, as melhores coisas continuam em seus devidos lugares, eu, minha cama e o ronronar.

- Bom Dia!

Na selva de pedra, as paredes já se acostumaram a responder aos seus inquilinos solitários.

Quatro ligações perdidas, celular no modo vibratório.

- Oi mãe.... Valeu... Eu sei... Mais tarde eu vou pra aí....Não, não quero festa... Ta bom, mas só um bolinho... Só a gente então... Não quero fazer festa!

Detesto social. Ainda mais com um monte de parente que só querem saber o que você anda aprontando, quando vai se casar e trazer mais uma criança pra família.

Um comentário:

Cláudia disse...

Vejo as paredes da tua casa... Super próximo, adorei...