sexta-feira, 26 de março de 2010

Crônica clichê

Semana do cão, dia humilhante. Escutando merda o dia inteiro, recebendo setas envenenadas, envenenando-me de inveja. Na volta, a chuva, o trânsito. Não liguei, juro! Pelo menos não na primeira hora, enquanto permanecíamos – eu, motorista e fotógrafo - estáticos dentro da van, assistindo a um concerto de buzinas. Tapei os ouvidos com Karnac e assim passei as demais duas horas - e 13 km, acreditem! - que nos separavam do destino. Cheguei com a bexiga estourando. Um pouco mais e descia ali mesmo para um exibicionismo escatológico. Tudo bem. Respire pelo nariz, Adriana, conte até três e solte o ar pela boca. Ufa! Veja pelo lado bom: pelo menos, não apresentava os sinais típicos de um paulistano estressado, como a dor de cabeça, o enjoo e, principalmente, a chatice que acometiam meu colega de trabalho desde o dia anterior. Eu, pelo contrário, levava adiante a meta de me tornar uma pessoa ponderada, o que, resumidamente, significava engolir sapos sem perder a pose. Segui comportando-me como uma lady, enquanto, por dentro, dinamites explodiam. Mas, só por dentro. Com o semblante de calma - muito invejado numa situação destas -, encarei o metrô. Decisão estúpida, ok. Na estação amarrotada, a luz branca deixava ainda mais evidente a nossa condição de cagados. Foram uns 20 minutos sacando tudo quanto era gente até chegar a minha vez de me espremer naquele troço. Vai tomar no cu, seu Kassab! Que ódio deste fdp! Fica lá, gastando meu dinheiro com a Marginal, à toa. É rio, entende? Escoa, transborda e logo logo vai engolir suas obras, amém! Mas você deve passar imune às enchentes, enquanto penteia o topete no banco de passageiro do seu Tucson. Sim, porque é dever de todo cidadão médio-classista ter um Tucson. Uns segundos e o estouro repentino foi asfixiado pelo sovaco de um tio que insistia em contradizer a lei da física: dois corpos NÃO ocupam o mesmo espaço, no mesmo tempo. Vamos contar: um... dois... Contar é o caralho! Chega! Foi a gota d'água. Abri o berreiro ali mesmo, dei de louca, bufei toda a pimenta. Uma recaída. Humpt! Respire pelo nariz, conte até três e solte o ar pela boca. Nada de desistir. Se não chover, amanhã consigo ser fina

Um comentário:

Cláudia disse...

ô clichê original!